segunda-feira, 8 de outubro de 2012

5ª Encontro Nacional de Ilustração





5º ENCONTRO NACIONAL DE ILUSTRAÇÃO
DE 15 A 20 DE OUTRUBRO EM S. JOÃO DA MADEIRA
ORGANIZAÇÃO JUNTA DE FREGUESIA DE S. JOÃO DA MADEIRA

PROGRAMA AQUI


APRESENTAÇÃO

Lápis, tu conténs um ciclo de vida inteiro,
Inscrevendo a passagem do tempo nas tuas entranhas
Permitindo, porém, a inscrição de uma marca quase atemporal.
Lápis, em único testemunho do nascimento, da vida e da morte da árvore,
Bem podes orgulhar-te da tua origem na terra,
Do teu crescimento para o céu,
Da tua formação com o fogo,
E da tua aliança transformadora com a água.
Como uma árvore genealógica, inscreves em ti o genograma dos quatro elementos vitais,
Das quatro componentes fundamentais que estruturam um conto,
Ancestral, magnífico, imemorial.
Na tua essência encontra-se a fusão dos princípios, eros e tanato,
Mas também a aliança, sem falha, alfa e ómega, dos elementos,
Para que estes escrevam outras histórias de vida.
Lápis que risca, que marca, da tua rigidez nasce o movimento;
Lápis que esboça, que desenha, da tua negrura irradia a cor, surge a luz;
Lápis que estrutura, que constrói, da sua solidez emerge o esqueleto de um plano, a coluna vertebral de um projecto;
Lápis que planeia, que projecta, da tua redução pelo fogo brota o futuro, tão amplo, abrindo o universo dos possíveis.
Lápis de cor, lápis de cera, lápis de olhos, lápis de lábios,
De mina mole ou dura, rija ou tenra,
Sublinhas um detalhe, contornas um limite, evidencia um de muitos aspectos,
Com um traço, sempre único, talvez belo ou nem por isso.
Lápis vermelho, apontas o erro, desvalorizas a tentativa;
Lápis azul, censuras a ideia, aniquilas a diferença.
Lápis grande, pequeno,
Largo, delgado,
Redondo, achatado ou pentagonal,
Decorado ou banal,
Comum ou especial,
Liso ou com borracha,
Escorregadio ou anti-deslizante,
Para o operário, para o general,
Para o simples ou o genial,
Para o estudante e o doutor,
Na mão, direita ou esquerda,
No pé, até,
Nos bolsos, de todas as formas e feitios,
Ou atrás da orelha
O merceeiro, o carpinteiro e o poeta,
Estes guerreiros do quotidiano e da alma,
Precisam de ti,
Pois assinalas o diário como o fenomenal,
O vulgar e o espiritual.
Lápis, lapiseira,
Grafite, grafema,
Afias o decorrer do tempo,
Aparas a distribuição do espaço,
Desafias sempre a percepção do sentido.
Lápis novo, usado e mesmo velho,
Permites a transformação do natural em funcional,
Do branco da página em arte,
Das letras em mensagens,
Do vazio da folha em vastos espaços espaçosos,
Da textura real, da gramagem do papel em viagens indeléveis,
Do caos em memória estruturada.
Lápis, pouco importam, afinal,
As tuas cores, as tuas formas, as tuas texturas, os teus tamanhos e até mesmo a tua idade,
Pois exorcizas o genograma,
Explicando a genealogia das origens,
A conjuntura do presente
Onde se fundiu – diluído ou espesso – o passado ainda activo.
Lápis, novo ou já todo roído,
Gostaria que traçasses projectos de amor – sempre planos de construção – erguidos a dois e em duro…
Que destruísses todo e qualquer muro
Que não fosse de ternura um abrigo
E que arvorasses sonhos alcançáveis
A partir de uns simples traços
Como o bom e o belo, fortes e ligeiros,
Assim transformados em laços,
Então unidos em abraços…

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